Por: Vanessa Cicatti
Como vimos na primeira parte desta reportagem, o segredo para preparar seu filho para o sucesso está em ajudar o baixinho a lidar com as emoções. Mas como fazer isso? Veja a seguir a última parte da matéria.
Educando as emoções, uma tarefa nada fácil
Quando os bebês vêm ao mundo, demonstram emoções, mas ainda não sabem como lidar com elas. Então, inicialmente, usam o choro para demonstrar ou pedir o que precisam, como quando têm dor ou fome. Para a criança, é pelo choro que funciona o processo básico de solução de seus problemas imediatos.
Entretanto, com o tempo e a elaboração dos processos emocionais, ela depara com outros sentimentos, como frustração e raiva. E quando não consegue ter sua vontade satisfeita, tenta resolver a situação da maneira habitual, ou seja, chorando.
A partir do momento em que o choro pára de ser um instinto e passa a ser uma ferramenta de manipulação para conseguir alguma coisa, acontece a primeira conquista da inteligência emocional. O maior exemplo da conquista da inteligência emocional são as crises de birra, pois, à medida que as crianças aprendem a controlar suas emoções, desenvolvem novas ferramentas como a birra ou a manha.
Diante disso, Daniela Levy afirma que “quanto antes os pais procurarem desenvolver a inteligência emocional de seus filhos, mais fácil será”.
O papel dos pais é bastante importante neste processo, já que são os responsáveis por desestimular comportamentos negativos e por ensinar como lidar com as decepções. E é por isso que para a psicóloga “o treinamento do controle emocional não é tarefa fácil para os pais”.
Para Daniela Levy duas coisas são importantes nessa questão: o exemplo vivenciado no lar e as reações dos pais aos sentimentos da criança. “Pais descontrolados têm filhos descontrolados. Pais que não impõem limites de conduta têm filhos com dificuldade de enfrentar frustrações. Os pais precisam estimular a criança a reconhecer os aspectos emocionais. Aproveitar ocasiões de raiva, medo, alegria ou tristeza para chamar a atenção da criança a fim de reconhecer seus sentimentos, nomear e discutir estas emoções.”
Cabe aos pais impor limites, o que é fundamental para que os impulsos da criança tomem forma social. Quando os pais satisfazem todas as vontades da criança, estão reforçando o comportamento que mais tarde terá que ser corrigido. Os limites determinados pelos pais são contornos necessários, com os quais devemos aprender a viver, pois um adulto maduro é aquele que reconhece os impulsos e consegue melhor administrá-los.
Um passo importante neste processo de “educação das emoções” é aprender a falar “não” para a criança. A partir dos oito meses de idade o bebê já consegue entender o que é isso, e percebe o que pode ou não fazer. Depois, a principal ferramenta é conversar e explicar, principalmente quando a criança já estiver maiorzinha. O último recurso, que ajuda a ensinar os limites, é colocá-la de castigo.
Mamães e papais, fiquem atentos: o diálogo com seu filho deve ser consistente, seguro e apresentar as justificativas que expliquem as atitudes tomadas por vocês.
Sucesso que depende dos pais
É muito comum os pais tentarem proteger seus filhos, evitando expô-los às dificuldades, mas isso não é a forma correta de desenvolver a inteligência emocional da criança. O pais devem, na medida do possível, propiciar um ambiente rico em aspectos emocionais, pois isso ajuda a criança a desenvolver mecanismos de reconhecimento, interpretação e atuação efetiva sobre aspectos emocionais das pessoas a seu redor, auxiliando assim o desenvolvimento de sua inteligência emocional. Por tudo isso, é essencial levar o bebê para reuniões familiares ou locais em que exista interação humana.
O ideal é desenvolver o equilíbrio entre o QI (quociente de inteligência) e o QE (quociente emocional) da criança, pois terão sucesso aquelas pessoas que sabem agradar, se comunicar e transmitir suas idéias.
Pequenos gestos estimulam o vínculo dos pais e ajudam o bebê a reconhecer as emoções, como, por exemplo:
• encare os olhos da criança, estabelecendo uma comunicação visual efetiva;
• reveja o modo como você, mamãe, conversa com seu filho. A musicalidade da fala contribui para a formação da personalidade;
• cante para seu filho, pois a música serve como ferramenta de aprendizado, estimula a imaginação e o desenvolvimento da fala, da escuta e da coordenação motora;
• conte histórias ou atribua emoções e comportamentos humanos a bonecos. Esse é um modo eficiente de ajudar a criança a reconhecer os próprios sentimentos;
• quando a criança estiver maior, nomeie os sentimentos que ela estiver sentindo, discutindo abertamente sobre eles.
Seguindo essas dicas simples desde cedo, você ajudará seu filho a desenvolver seu potencial emocional para que no futuro tenha o sucesso que sempre desejou para ele. Como confirma a psicóloga, “uma inteligência emocional bem desenvolvida é um grande facilitador para o sucesso no futuro”.
Informações do especialista:
Daniela Levy é psicóloga, formada pela Universidade Mackenzie. É pós-graduada em Psicologia
Hospitalar e em Terapia Cognitivo-Comportamental pela Universidade de São Paulo.
Consultório:
Rua Borges Lagoa, 1.065 – cj. 12 – Vila Mariana – São Paulo – SP
Tel.: 11 5549-1109
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