Como vimos na primeira parte da reportagem, a brincadeira é uma poderosa maneira de a criança aprender. E, cada vez mais escolas dão valor a isso. Na segunda parte do texto você vai entender como é feito esse processo.
A estratégia é ensinar brincando
As atividades lúdicas, como jogos e brincadeiras, podem ser utilizadas como estratégia de educação, ensino e desenvolvimento humano.
Segundo Maria Jacinta, para Jean Piaget jogar é condição para o desenvolvimento infantil, porque por meio dos jogos as crianças assimilam e assim podem transformar a realidade. “Piaget afirmava que a criança começa inicialmente com os jogos de exercício que é o repetir por prazer, depois, dos 2 aos 6 anos, surgem os jogos simbólicos, em que a criança inicia a fase da representação e, finalmente, aparecem os jogos de regras, que visam o desenvolvimento social”.
Cássia explica que “é por meio do brincar que a criança entra, de uma forma simbólica, no mundo dos adultos, uma vez que ela constrói e entende o mundo adulto quando, por exemplo, brinca de casinha. É nesse espaço imaginário que a criança vai elaborar conflitos, sentimentos e medos como reflexos do que percebe no adulto. Dessa maneira, percebemos que essas atividades constituem uma forma de as crianças interagirem entre si, vivenciarem situações, indagações e formularem estratégias para verificar seus erros e acertos e, assim, planejarem novas ações”.
Nesse processo, os brinquedos funcionam como suporte das brincadeiras e, nem sempre são estruturados. Um simples cabo de vassoura pode se transformar num cavalinho, por exemplo.
Assim, os pais e educadores podem ficar tranqüilos com relação à escolha do brinquedo ideal para cada criança. Afinal, “o brinquedo ideal é sempre aquele que possibilita a imaginação, ajuda a liberar a emoção, facilita o processo de construção do conhecimento, promove a autonomia, sem deixar de explorar o lúdico, e auxilia no desenvolvimento da linguagem e na conduta afetiva”, afirmam as especialistas.
Professor tem que ensinar a... BRINCAR!
Toda criança deve ter garantido o direito de brincar, pois esse ato constitui um requisito importante no desenvolvimento humano.
A escola é um espaço privilegiado, onde acontece a aprendizagem e a interação com a vida. Diante disso, ela tem o papel e a responsabilidade de criar condições para que a criança vivencie atividades lúdicas livremente, porém podendo usá-la também como estratégia de ensino e aprendizado.
Portanto, é necessário que o professor introduza o brincar em seu planejamento, com intencionalidade de alcançar objetivos conscientes em relação ao desenvolvimento e à aprendizagem de seus alunos.
Cássia e Maria Jacinta ressalvam que “é preciso cuidado, pois alguns professores, preocupados em demonstrar resultados e respeitabilidade de suas funções, levam tão a sério as brincadeiras, ou seja, a dobradinha aprendizagem–brincadeira que acabam descaracterizando as atividades lúdicas”.
Ambas também lembram ainda que existem professores que não possuem essa responsabilidade pedagógica e simplesmente deixam as crianças brincarem, dispensando uma postura mais ativa em relação às brincadeiras.
Para alcançar o equilíbrio, as especialistas afirmam que “o professor deve desejar a dimensão mais subjetiva de ter seus objetivos alcançados, respeitando as crianças tais como são na realidade, reconhecendo-as em suas individualidades e não alimentando as expectativas que ele deseja.
Além disso, deve observar as crianças brincando, aproveitando a ocasião para reelaborar suas hipóteses e definir novas propostas de trabalho. Deve intervir nas brincadeiras não somente para contemporizar as brigas e discórdias, mas também para estimular a atividade mental e psicomotora dos alunos, elaborando questionamentos e sugestões para novos encaminhamentos”.
Como brincar é tão importante no desenvolvimento das crianças, o professor deve aproveitar todos os momentos da rotina escolar em que os alunos estejam envolvidos em atividades lúdicas, dando atenção às crianças e a seus conhecimentos e sentimentos.
“Brincar e aprender combinam com alegria e felicidade, porém não caminham juntos com o rigor, portanto, o professor não pode dar crédito à infelicidade, devendo inspirar ludicamente sua atuação”, ressalta Cássia.
Informações do especialista:
Cássia Urbano Gallo é formada em Educação Artística e especializada em Psicopedagogia pelo Instituto Sedes Sapientiae. Foi professora de Educação Infantil e Orientadora do Projeto Criação e Socialização do Núcleo de Projetos do Ensino Médio da Escola Pueri Domus.
Colégio Pueri Domus:
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Tel.: 11 5183-6999
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