Por: Vanessa Cicatti
Desde que o bebê nasce os pais não vêem a hora de vê-lo andando e correndo pela casa! Mas até dar os primeiros passinhos, a criança precisa passar por alguns processos de seu desenvolvimento para adquirir capacidade física e motora para, enfim, andar por suas próprias perninhas, descobrindo um mundo repleto de aventuras e brincadeiras!
Preparando-se para os primeiros passos
Para iniciar essa importante etapa de sua vidinha, o pequeno precisa desenvolver alguns aspectos físicos e motores, que vão capacitá-lo para começar a andar.
Segundo a pediatra Márcia Regina de Souza Amoroso Quedinho, “o desenvolvimento da criança é um processo seriado e somativo de aquisições e habilidades cada vez mais complexas. Existe sempre uma seqüência, fixa e invariável para cada espécie, porém com ritmo particular e variável para cada criança”.
O processo de desenvolvimento da criança é influenciado por três fatores fundamentais: estrutura biológica, estimulação adequada e participação afetiva, ou seja, o vínculo mãe-bebê e o ambiente afetivo da família são essenciais para o desenvolvimento do bebê e o favorecimento do aprendizado. Entretanto, para que o desenvolvimento aconteça, é necessário que ocorra a integração do sistema nervoso com o sistema músculo-esquelético, que possibilitará a interação do indivíduo com o meio ambiente.
De acordo com a pediatra, para que o desenvolvimento neuropsicomotor ocorra efetivamente, é necessário que se processe a maturação do sistema nervoso, que ocorre de maneira sincronizada, ordenada e em seqüência, dependendo da interação da criança com o meio. Dessa forma, “os estímulos ambientais podem acelerar a maturação, sendo que a maior parte do sistema nervoso está madura antes de a criança completar o segundo ano de vida”. É por essa razão que as crianças só começam a andar entre 11 e 14 meses.
Como cada criança tem um ritmo de desenvolvimento, pode ser que algumas demorem um pouco mais para andar. Mas nada de pânico!
A dra. Márcia Regina Quedinho explica que, em média, as crianças começam a andar de 11 a 14 meses e já deve estar andando aos 18 meses. Entretanto, algumas, sem qualquer anormalidade, poderão ultrapassar os limites habitualmente estabelecidos para alguns aprendizados.
“É por essa razão que os pais precisam ficar atentos e perceberem quando esses limites são discrepantes e persistentes ou associados a outras alterações. Propõe-se que a avaliação do desenvolvimento seja ampla, não se restringindo às etapas do desenvolvimento neurológico, mas valorizando principalmente as atividades que a criança já realiza”, afirma a pediatra.
É incentivando que ele anda…
Para andar, além do desenvolvimento neuropsicomotor, a criança precisa de muito incentivo dos pais e irmãozinhos!
Afinal, depois de engatinhar, o próximo passo é a criança ficar em pé e, em seguida, iniciar os primeiros passos, a princípio com auxílio de um adulto, segurando-a pelas mãos.
“Nessa fase, os pais devem propiciar ao bebê um espaço livre e seguro para que brinque à vontade, bem como dar a ele brinquedos de puxar que ajudam o senso do equilíbrio. O melhor caminho de ensinamento é um bom e alegre relacionamento dos pais com o filho. Além disso, é essencial dar liberdade e deixar a criança andar pela casa protegida. As habilidades devem ser encorajadas, por essa razão ela deve ficar livre para manipular, mexer nas coisas e andar.
Repreensões repetidas e constantes por pais nervosos dificultam a aprendizagem. É importante estimulá-la a andar, deixando-a que se sinta segura e amparada. Ah! E não se desespere nem faça escândalos quando a criança cair ou não conseguir dar os primeiros passos. Incentive-a sorrindo, batendo palmas e parabenizando-a quando conseguir seu objetivo”, ensina a dra. Márcia Regina Quedinho.
Todo cuidado é pouco
A dra. Márcia Regina Quedinho ressalta que os pais inicialmente precisam acostumar-se com essa novidade. “Logo que as crianças começam a ficar em pé é comum apresentarem certas posições das pernas que impressionam pais e parentes. É admissível que as crianças apresentem exagerado arqueamento das pernas para fora, persistindo freqüentemente até o segundo ou terceiro ano de vida, sem que isso signifique alguma doença. Essa ‘deformidade’ aparece em seguida ao período em que o pequenino começa a andar e, na maioria das vezes, regride completa e espontaneamente entre 4 e 5 anos”.
Além disso, mamães e papais precisam tomar alguns cuidados quando a criançada começa a andar. Fique de olho ao acesso da criança a tapetes e escadas, ida a lugares perigosos, cuidado com tomadas, toalhas de mesa que podem ser puxadas, objetos que possam causar ferimentos, grandes alturas e quedas graves e gavetas que possam ter objetos pontiagudos, como facas, tesouras etc.
Tudo a seu tempo
Um grande problema que pode prejudicar a criança a dar seus primeiros passinhos é a tal da ansiedade dos pais.
A pediatra dá um puxão de orelha nos ansiosos. “Os pais não devem forçar ou estimular em demasia um tipo de comportamento, exigindo uma resposta que o momento de desenvolvimento da criança não lhe permite dar. Não devem estimular o filho em excesso.
Afinal, a aquisição precoce de certas habilidades não é sinônimo de maior inteligência ou capacidade na idade adulta e poderá resultar numa sensação de fracasso para a criança ao não conseguir satisfazer as expectativas de seus pais e familiares. Isto ocorre em todos os setores do desenvolvimento, não só com relação ao andar. A estimulação excessiva é prejudicial, a falta e, sobretudo, a superproteção, evitando que a criança percorra as etapas de seu desenvolvimento nos momentos adequados também prejudicarão a criança, e corre-se o risco de impedir a realização plena de seu potencial como ser humano.”
Os pais devem acompanhar o desenvolvimento de seus filhos, sempre esclarecendo as dúvidas com o pediatra. Isso, seguramente, vai lhes dar tranqüilidade e confiança para assistirem as impressionantes transformações que ocorrerão na vida deles.
Informações do especialista:
Márcia Regina de Souza Amoroso Quedinho Paiva é formada pela Faculdade de Medicina do ABC. Fez residência em pediatria na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. É especializada em nefrologia pediátrica e mestre em pediatria pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. É médica do Hospital São Luiz.
Consultório:
Rua Francisco Marengo, 1.312 – São Paulo – SP
Tel.: (11) 3386-1100
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