quarta-feira, 1 de junho de 2011

No Limite


Por: Vanessa Cicatti

Toda mãe sonha em ter filhos comportados e bastante educados. Mas, muitas vezes, independente do que ensinou os pequenos se tornam verdadeiros pestinhas, deixando de cabelos em pé os pais, tios, avós e professores.
Você está passando por isso e não tem a mínima idéia do que fazer?
Então, veja a seguir algumas dicas que vão ajudá-la a colocar seu baixinho NO LIMITE!

Coisa de criança!
Brinquedos espalhados pelo chão, teimosia para fazer o dever de casa, cara feia para os legumes na hora da refeição, troca de tapas com o irmãozinho mais novo, birra para tomar banho, respostas afiadas na ponta da língua, malcriação com pais e professora, e o pior, gritos e esperneios toda vez que são contrariados.
Você acha tudo isso demais da conta para uma criança só? Não se espante! Elas são assim mesmo e, pelo menos durante uma fase da infância, vão ficar desse jeitinho: impossíveis!
Esse tipo de comportamento é parte do desenvolvimento deles, mas o bom de tudo isso é que em algum momento eles aprendem a maneira certa de agir e passam a se acostumar com determinadas regras. No entanto, o aprendizado desses limites depende muito mais dos pais do que propriamente das crianças. É por essa razão que saber impor limites é indispensável para uma educação saudável e um desenvolvimento equilibrado da molecada.
O segredo é descobrir a melhor forma de colocar limites para os filhos sem abusar da autoridade!

Aprendendo a colocar limites
A psicopedagoga, coordenadora pedagógica e orientadora educacional do Colégio Ápice, Maria de Jesus Rocha, conversou com a Primeiros Passos sobre esse assunto. E começou explicando que, para aprender a colocar limites para os filhos, a família deve ter o interesse em ler sobre as diferentes etapas do desenvolvimento infantil. Há inúmeros títulos que tratam do assunto e têm linguagem bastante acessível aos leigos. Além dos livros, há muitas revistas especializadas que trazem matérias específicas sobre esta questão. Além disso, destaca que “os pais devem conversar muito sobre isso e ajustarem suas opiniões para que ambos possam definir a mesma linha de conduta com a criança”.
Mas quais limites devem ser impostos pelos pais?
“Vai depender muito da idade da criança. Os pais devem avaliar se o problema é transitório, como a chegada de um novo irmãozinho ou a mudança de escola, por exemplo, se isso faz parte da etapa de desenvolvimento ou mesmo se é uma oposição mais acentuada”, afirma Maria Rocha.
A psicopedagoga destaca que, “primeiramente, os limites deverão estar relacionados à rotina como sono, alimentação e higiene. Depois, gradativamente, os pais devem se preocupar com a inserção da criança no mundo social, desenvolvendo sua formação moral e ética”.

Tudo é uma questão de idade!
A partir do momento em que o bebê vem ao mundo, ele começa a se adaptar às rotinas da família. Suas necessidades de sono, alimentação e conforto (temperatura corporal, afeto, contato físico) devem ser priorizados. No entanto, desde o início os pais devem estabelecer limites, ou seja, evitar manter o bebê no colo sempre que ele chorar, manter o intervalo das mamadas e deixar de brincar com ele durante a madrugada. Afinal, as regras e limites variam de acordo com a idade da criança.
Maria Rocha explica que “até os três anos a criança é muito egocêntrica, isto é, acredita que seus desejos e necessidades devem ser imediatamente atendidos. Logo, essa característica justifica muitos comportamentos de birra apresentados nessa faixa etária. No entanto, cabe aos pais preparar a criança para vivenciar a realidade, frustrando-a sem afrontá-la”.
Mas como se faz isso? Segundo ela, é simples. “Basta dizer NÃO e justificar ao pequeno claramente o porquê de tal decisão, adequando a linguagem ao nível de compreensão dele. Dependendo dos limites que os pais impõem nesta fase, a criança pode ou não estar preparada para enfrentar uma nova fase: a social.”
Essa fase inicia-se a partir dos quatro anos, quando o baixinho começa a ampliar suas relações sociais, pois passa a brincar com outras crianças, ir à escola, ficar mais autônoma em festas infantis etc.
Essas relações sociais se ampliam à medida que a criança passa a viver novas situações, em que ela deverá ter desenvolvido sua auto-estima e capacidade de resolução de problemas. Mas se a criança tiver dificuldade para lidar com frustrações, não estará preparada para viver essas relações sociais adequadamente. Por essa razão, fique atento e comece a impor limites para o seu filho desde o berço, pois senão o único prejudicado será ele mesmo, que não conseguirá se entender com as outras crianças!

Limites sem atritos
Impor regras e limites nem sempre é fácil. Afinal, criança que se preze contesta e não gosta nem um pouquinho de ter sua “liberdade” podada pelos pais. Mas será possível impor regras e estipular limites sem que isso crie atritos na relação entre pais e filhos?
Segundo Maria Rocha, “o sentimento de frustração pelo qual a criança passa quando lhe são impostos limites deverá ser sempre justificado pelos adultos. Havendo um equilíbrio entre o afeto e a frustração não haverá qualquer tipo de trauma, como muitos pais acreditam”.
Embora colocar regras e limites seja uma tarefa nem sempre agradável, é de grande importância para a disciplina e educação de uma criança, como explica a psicopedagoga. “Vivemos em uma sociedade em que as regras de convivência determinam nossas ações. Aqueles que não se adequarem a elas serão marginalizados. Logo, as regras e a disciplina desde a primeira infância são determinantes para a formação de um jovem e um adulto saudáveis.”

As regras e limites também partem da escola
É na escola que as crianças aprendem grande parte das coisas que vão ajudá-las a se desenvolver. Dessa forma, é dentro da sala de aula que algumas regras e limites são determinados. “A escola não é só um lugar onde a criança vai aprender a ler e escrever, entre outros conteúdos relacionados ao ensino. Além de uma lousa, carteiras e giz há pessoas.
Cada uma das pessoas traz consigo seus próprios valores. Logo, há uma cultura particular circulando nos corredores e salas de aula”, explica a psicopedagoga.
Por essa razão é importante ficar bem atento na hora de escolher a escola do seu filho. Isso porque cada escola tem uma filosofia e a família deverá conhecer muito bem a escola e identificar-se com a proposta dela, para que possam “usar a mesma linguagem” com a criança.

Preparando os pequenos para o mundo
Segundo Maria Rocha, existem alguns princípios que podem ajudar na tomada de decisão da família que tem a tarefa de educar e preparar a criança para o mundo, pois nem sempre ela estará por perto para resolver os problemas que naturalmente se apresentarão. Veja as dicas da especialista:
• Avalie se você não está perdendo sua qualidade de vida em detrimento de atender aos caprichos de seu filho.
• Não exceda seus gastos para atender aos pedidos dos filhos ou porque não consegue vê-los frustrados. Lembre-se: quando os pais não têm limites, não conseguem estabelecê-los para os filhos.
• Aos pais cabe educar e aos filhos serem educados. Se houver clareza disso, os papéis estarão mais definidos e, conseqüentemente, será mais fácil a tomada de decisão.
• A essência da família deverá ser sempre baseada na cooperação e não na convivência. As crianças desde muito pequenas podem assumir responsabilidades compatíveis com a sua idade, como, por exemplo, guardar os próprios brinquedos.
• A culpa por não poderem dar aquilo que querem, por não estarem o tempo todo com os filhos, é um sentimento extremamente negativo para os pais que desejam dar uma educação com limites. Fique atento, pois a culpa pode torná-los permissivos, tolerantes demais ou conflituosos.
• É muito importante que você defina com seu companheiro qual deve ser a postura diante de situações em que se deve estabelecer limites. Fique atento: essa discussão não deve ocorrer na frente de seu filho. Quando os pais são conflituosos, os filhos não têm limites.
• Educar dá trabalho, muito trabalho, mas os resultados serão maravilhosos!

Informações do especialista:
Maria de Jesus Rocha é formada em pedagogia pela Universidade de Santo Amaro. É especializada em psicologia e psicopedagogia. É coordenadora pedagógica e orientadora educacional do Colégio Ápice – Educação Infantil.
Consultório:
Colégio Ápice
Rua José Jannarelli, 348 – Morumbi – São Paulo – SP
Tel.: (11) 3721-7690
www.apiceeducacaoinfantil.com.br

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