segunda-feira, 6 de junho de 2011

Depende de nós

Por: Vanessa Cicatti

O planeta Terra está clamando por socorro e ajudar a salvá-lo, antes de tudo, é uma questão de sobrevivência, afinal, dependemos dele para continuar a viver.
Como 2008 é o Ano Internacional do Planeta Terra, nada mais justo que nossos baixinhos aprendam, desde cedo, a importância da preservação do meio ambiente.
Por essa razão, a educação ambiental está na pauta de ensino de todas as escolas comprometidas com a formação de pequenos cidadãos, pois, mais do que nunca, a salvação do planeta depende de TODOS nós...

Aprendendo a amar a natureza
Embora, atualmente, cuidar da natureza seja uma necessidade, antes de tudo, é preciso que tenhamos consciência da importância da educação ambiental desde a infância.
De acordo com Maria de Jesus Rocha, psicopedagoga e diretora pedagógica do Colégio Ápice, de São Paulo, “a educação ambiental desde a mais tenra idade é de importância incontestável, já que desde muito cedo a criança adquire hábitos embasados nos valores a que está exposta. Esses valores são transmitidos no dia-a-dia, tanto de forma lúdica como do modelo de comportamentos dos adultos com os quais convive. Por essa razão, é preciso conscientizar todos os cidadãos sobre a necessidade de conservação e defesa do meio ambiente para a presente e futuras gerações”.
Berenice Gehlen Adams, pedagoga da Associação Projeto Apoema – Educação Ambiental de Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, complementa, afirmando que a educação ambiental trata de uma nova forma de educar, voltada para a conscientização do ser humano em relação à vida em seu amplo contexto. Por essa razão é interdisciplinar e deve estar presente em todos os níveis do ensino, desde a educação infantil até o ensino superior.
“A educação ambiental é extremamente importante na infância, pois é o período em que a criança “descobre” o mundo, e também quando ocorre um maior acompanhamento da família em relação aos processos de aprendizado, possibilitando que a conscientização ambiental ultrapasse os muros da escola”, comenta Berenice Adams.
Por meio da educação ambiental aplicada com vivências (passeios por áreas urbanas e naturais, pessoas de diferentes áreas contando sua experiência para os pequenos, dramatização de situações cotidianas), dinâmicas (brincadeiras pedagógicas que usem como tema central questões ambientais), experiências (cultivo de mini-hortas para chás e temperos, minhocário, terrário etc.), pesquisas investigativas (como funciona isso ou aquilo, vamos descobrir?), a criança compreende a importância de relacionar-se bem com todos os seres vivos, as necessidades que eles têm e a importância dos recursos naturais do planeta. Dessa forma, seu senso crítico em relação às questões ambientais desenvolve-se desde cedo.

Brincando se aprende a amar a natureza
Não há uma idade específica indicada para o início da educação ambiental. Afinal de contas, ela também reflete uma postura de vida. Na opinião de Berenice Adams, quanto mais cedo isso acontecer, melhor. “As crianças desde bem pequenas podem ser educadas com foco em questões ambientais, em casa e na escola. Tudo depende muito da postura dos adultos e professores que vão acompanhá-las”.
Maria Rocha ressalta que “essa educação se estende no ambiente escolar, por meio da exposição da criança a textos e informativos sobre o assunto e, principalmente, se a escola pratica os conteúdos abordados na teoria”.
Para que os pequenos absorvam esse aprendizado são usados alguns métodos e estratégias específicos.
Segundo a pedagoga do Projeto Apoema, “sabe-se que para a Educação Infantil e séries iniciais da Educação Básica as atividades educativas em forma de vivências, dinâmicas e experiências são fundamentais para a promoção de aprendizagens significativas. Essas atividades devem trazer à tona os elementos ambientais”.
Além disso, “existe um bom acervo de livros em nossa literatura infantil que tratam deste tema. De forma muito lúdica, as histórias aproximam os baixinhos do assunto, levando-os à reflexão. Cabe ao adulto dar oportunidade para que a criança expresse sua interpretação do texto, compartilhando-a com outras crianças e adultos, favorecendo a troca de experiências”, completa a diretora pedagógica do Colégio Ápice.
O Colégio Ápice tem um exemplo muito significativo nesse projeto de educação ambiental. As classes de alunos com seis anos visitaram o depósito de lixo de um condomínio de prédios. Durante essa visita, ficaram impressionados com o volume de lixo produzido pelas famílias que ali residiam. Posteriormente, na roda de conversa, os professores propuseram que eles fizessem uma estimativa da quantidade de lixo que todos os condomínios e casas que conheciam estariam produzindo.
“A partir da exposição da criança com o problema, fomos introduzindo informações importantes sobre a redução e a reutilização de lixo. Elas também puderam observar que mesmo reduzindo e reutilizando alguns materiais, ainda assim, o lixo continuaria existindo. Foi quando fizemos um trabalho voltado para a coleta seletiva”, comenta orgulhosa Maria Rocha.
“A criança é uma excelente receptora de informações, pois não tem de mudar hábitos, mas apenas instalá-los, o que favorece muito a compreensão de todo o contexto que envolve a educação ambiental. Observamos que as próprias crianças são agentes de mudança na dinâmica familiar, pois, repassam o conhecimento que adquirem na escola, além de, freqüentemente, contestar as atitudes dos pais”, afirma a psicopedagoga do Colégio Ápice.
Entretanto, Berenice Adams salienta que “é preciso tomar muito cuidado na forma como as abordagens são feitas em relação aos problemas ambientais, não mostrando somente o lado ‘catastrófico’ da situação, mas também acrescentando que é possível fazer algo pelo meio ambiente e que elas, apesar de serem pequenas, podem colaborar”.

Em casa ou na escola?
A educação ambiental não requer um local específico para que seja transmitida à criança. Ademais, “hoje a educação está presente em praticamente todos os espaços, ainda que timidamente, o que comprova que é interdisciplinar e ‘intercontextual’, porque os problemas ambientais estão em toda parte do planeta”, explica Berenice Adams.
Entretanto, Maria Rocha lembra que “a escola é importante formadora de opinião e tem o papel de aproximar a família e a comunidade sobre ações educativas. A família e a escola devem trabalhar juntas nessa conscientização, pois quanto mais informações desse tipo o pequeno receber, mais rapidamente poderá incorporá-las no seu dia-a-dia”.
Outro ponto importantíssimo sobre o assunto é o papel dos pais nessa conscientização ambiental, como afirma a pedagoga do Projeto Apoema. “A presença dos pais no acompanhamento educacional das crianças é fundamental. Em se tratando da conscientização ambiental, nem sempre o aluno encontra “eco” do que é trabalhado na escola em seu lar. Portanto, a participação dos pais ou adultos que o acompanham vai depender da postura de vida que aquela família tem em relação ao ambiente. Educação ambiental é uma postura de vida, além de prática pedagógica e educacional. Neste caso, cabe ao professor estar atento e perguntar às crianças sobre o assunto. Caso identifique alguma situação estranha, ele deve cativar a família de forma criativa e prazerosa, porque por imposição ninguém muda de postura. Nessa situação, uma atividade de sensibilização com os pais é bem recomendada”.
Como a família é a principal formadora de valores, as atitudes dos pais com relação à preservação do meio ambiente são as primeiras e as mais importantes referências para a criançada.
Por essa razão, se você acha que o futuro do planeta está nas mãos do seu anjinho, mostre o que ele pode fazer para garantir os recursos essenciais para uma vida saudável e repleta de amor pela natureza.

Informações dos especialistas:
Maria de Jesus Rocha é formada em pedagogia pela Universidade Santo Amaro. É especializada em psicopedagogia e diretora pedagógica do Colégio Ápice, em São Paulo.
Colégio Ápice:
Rua José Jannarelli, 348 – Morumbi – São Paulo – SP
Tel.: (11) 3721-7690
www.apiceeducacaoinfantil.com.br

Berenice Gehlen Adams é formada em pedagogia empresarial e orientação educacional pelo Centro Universitário Feevale. É especializada em estudos adicionais em alfabetização também pelo Centro Universitário Feevale.  Trabalha na Associação Projeto Apoema – Educação Ambiental, que fica em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul.
Associação  Projeto Apoema – Educação Ambiental:
Rua São Luiz Gonzaga, 1.152 – Novo Hamburgo – RS
Tel.: (51) 3594-9094
www.apoema.com.br

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