quarta-feira, 22 de junho de 2011

Brincar é um ótimo exercício

Por: Vanessa Cicatti

Criança que se preza gosta de brincar, pular, correr... Entretanto, com as mudanças de hábitos das últimas décadas causadas pelo advento de aparelhos eletrônicos como a televisão, o computador e o videogame, ver uma criança se exercitando tornou-se algo bem difícil. Afinal, quem resiste à telinha digital?
O problema disso tudo é que ficar sentado diante da TV ou do computador o dia inteiro pode causar a temida obesidade infantil! Quer mudar esse quadro? Então coloque seu filho para brincar. É um ótimo exercício!

Brincando para exercitar!
Nos últimos anos, a busca pela qualidade de vida deixou de ser assunto só de adultos, tudo porque os índices de crianças obesas têm aumentado vertiginosamente, alastrando essa epidemia em todo o mundo.
Por conta disso, há alguns anos, especialistas de diversas áreas têm se esforçado em conduzir estudos sobre o universo infantil. Dessa forma, as brincadeiras, os jogos infantis e, principalmente, o ato de “brincar” têm despertado grande interesse, dado sua importância na infância, pois tem papel fundamental na rotina das crianças e é um ótimo exercício físico, mental, emocional, social e cultural.
Para o educador físico Fabiano Augusto João a prática de atividades físicas na infância é imprescindível. Isso porque “as atividades físicas das crianças estão diretamente relacionadas às brincadeiras, aos jogos e às práticas esportivas realizados em casa, na escola, na rua e em todos os espaços de convivência. Brincar é um direito da criança que deve ser respeitado e entendido como fonte de qualidade de vida na infância, pois proporciona uma vida mais ativa e prazerosa, evitando a prevalência da inatividade infantil, o que para educadores e profissionais da saúde é um mal a ser combatido”.
O legal e o mais importante é que não existe uma idade ideal para a iniciação da realização de atividades físicas, pois a criança movimenta-se o tempo todo.
Como os baixinhos exploram e descobrem cada pedacinho do mundo em que vivem por meio das relações que estabelecem com ele, não há uma necessidade de direcionamento das atividades físicas.
De acordo com Fabiano Augusto João “as atividades físicas orientadas, por exemplo, aulas de educação física e esportes, podem ser inseridos na vida das crianças desde cedo, mas, para tanto, os profissionais devem respeitar essa fase da vida, proporcionando orientações adequadas que vão ao encontro das necessidades infantis. Isso significa que o profissional deve organizar e preparar os espaços destinados às práticas de tal maneira que a criança tenha liberdade para explorá-lo e descobri-lo com segurança”.

Qualidade de vida = muita brincadeira
O educador físico explica que “brincar é uma ação lúdica desprovida de regras que contempla uma multiplicidade de fatores que transcendem o ato motor. Pode-se entender o brincar como a maneira utilizada pela criança para ser e estar no mundo, possibilitando momentos de liberdade, expressividade e convivência, muitas vezes ausentes em outras atividades humanas”.
Diante disso, quando os pequenos brincam, mergulham num universo lúdico que integra o fazer, o sentir e o pensar em uma esfera única, proporcionando um exercício completo. Assim, não podemos reduzir o conceito de exercício unicamente aos atos motores, pois não existe ação motora que não esteja interligada a questões afetivas, sociais, cognitivas e culturais. É por essa razão que o ato de brincar é um ótimo exercício para a criançada, proporcionando mais qualidade de vida para os pequeninos!
Essa constatação nos leva à seguinte reflexão: quais brincadeiras, além de divertir, contribuem para a melhora na qualidade de vida dos pequenos?
Fabiano Augusto João explica que “todos os jogos e brincadeiras podem contribuir para uma melhora na qualidade de vida da criança.
Algumas atividades contribuem para um melhor desenvolvimento do equilíbrio, outras da locomoção e manipulação, isso quando pensamos no desenvolvimento motor dela, mas não podemos esquecer que as atividades divertidas proporcionam momentos de convivência, nos quais os aspectos afetivos, sociais e culturais estão sempre presentes”.
É importante ressaltar que cada atividade possui uma especificidade, que pode proporcionar o desenvolvimento de diferentes capacidades e habilidades, sendo que todas são importantes para uma melhora na qualidade de vida da garotada.
“O importante é que o baixinho viva intensamente a sua infância e desfrute de todo o universo lúdico que o permeia. Atualmente, defendo a idéia de que a variedade de atividades é um fator que contribui para uma melhor qualidade de vida, pois quanto mais jogos, brincadeiras e brinquedos ele conhece e vivencia, mais terá uma vida ativa”, afirma o educador físico.
Para o especialista, as atividades mais indicadas são aquelas com brinquedos, bem como as chamadas brincadeiras simbólicas (brincar de casinha, profissões, carrinho), os jogos tradicionais (pega-pega, esconde-esconde, amarelinha, taco, queimada, jogos com música, jogos com corda), jogos de tabuleiro e atividades rítmicas e expressivas (cantigas infantis, dança, atividades de imitação).

Mais saúde e muita diversão
Como vimos, as brincadeiras e os jogos infantis contribuem para que os pequenos tenham uma vida mais ativa, diminuindo a prevalência do sedentarismo infantil e até mesmo em alguns casos da obesidade.
“Em crianças, a prática regular de atividades físicas contribui para melhorar o perfil das gorduras no sangue e o metabolismo, mas isso depende de como as brincadeiras e os jogos são apresentados e vivenciados pelos baixinhos”, afirma Fabiano Augusto João.
O educador físico ressalta que uma das principais recomendações para a manutenção de um peso saudável é o equilíbrio energético, ou seja, o número de calorias consumidas deve ser igual à quantidade de calorias gastas.
Uma pesquisa recente, realizada numa escola pública na cidade de Santo André, no estado de São Paulo, com 100 crianças de 5 e 6 anos, apontou que as brincadeiras estão entre os indicadores de qualidade de vida na infância. No estudo, constatou-se que crianças que brincam por mais de três horas diariamente conseguem atingir esse equilíbrio energético com mais facilidade do que as que possuem uma vida menos ativa.
Outro ponto importante observado durante a pesquisa é que se pode afirmar que o modo de brincar de cada pequenino  precisa ser levado em consideração durante a análise dos resultados, pois existe uma variação do gasto energético de acordo com a atividade praticada. Acompanhe a tabela ao lado e entenda os benefícios das brincadeiras e jogos para o equilíbrio energético do seu filho:

Brincadeira certa para cada idade
Como sabemos, cada faixa etária requer um tipo de brinquedo ou brincadeira que se adeque às necessidades e à etapa de desenvolvimento dos pequeninos. Diante disso, Fabiano Augusto João explica quais são as atividades físicas ideais para cada idade.
• 1 e 2 anos
As atividades ideais para crianças de 1 e 2 anos são aquelas que não envolvem muitas regras, ou seja, devem ser mais livres e espontâneas. Atividades como brincar com água, brincar de correr, esconder, pular, manipular objetos e brinquedos, bem como brincar com os pais e parentes.
• 3, 4 e 5 anos
As crianças de 3, 4 e 5 anos também preferem atividades mais livres e menos regradas, mas elas conseguem destinar uma boa parte do seu tempo para os jogos infantis, que são atividades lúdicas que possuem regras e certa ordem.
Além dos jogos infantis, atividades como a natação e práticas esportivas divertidas são recomendadas para este público, desde que não prevaleça preocupação com a performance e resultados futuros.
Nessa fase o baixinho tem que se divertir e não se preocupar em ser um campeão. Temos que nos atentar para o fato que as atividades físicas na infância são práticas que devem contribuir para o conhecimento de mundo da criança, possibilitando o desenvolvimento da autonomia e da identidade.
Enfim, o importante é que você incentive seu filho a brincar, pois os benefícios para sua saúde física e mental são imensos!

Informações do especialista:
Fabiano Augusto João é formado em educação física pela Universidade do Grande ABC. É especializado em educação física escolar e mestre em educação, arte e história da cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Consultório:
Faculdades Integradas de Santo André
Rua Clélia, 161 – Vila Pires – Santo André – SP
Tel.: 11 4451-0700

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