quinta-feira, 12 de maio de 2011

Que vergonha!


Por: Vanessa Cicatti


Seu filho morre de vergonha quando um adulto ou, até mesmo, uma criança fala com ele? Não pense que seu bebê é “um bichinho do mato”. Na verdade, ele só é tímido!

E se você não sabe, a timidez é um sentimento muito comum nas crianças, já que ainda não contam com o amadurecimento necessário para ter autoconfiança e enfrentar o mundo e as pessoas de peito aberto.

Como ela não é uma doença, muito menos um distúrbio de comportamento, deve ser encarada pelos pais com muita naturalidade!


Timidez na infância é muito comum

Para ajudar os pais a lidarem com a timidez dos filhos, conversamos com a psicóloga Juliana Amaral de Andrade. Ela explica como podemos determinar que o excesso de vergonha de uma criança é timidez, afirmando que o pequeno se envergonha por diferentes razões. A principal delas é quando tem que lidar com assuntos ou experiências com as quais não se sente confortável ou preparado.

“Um pouco de timidez estará presente em qualquer criança. Pelo fato de elas ainda estarem em processo de desenvolvimento, cada experiência vivida no dia-a-dia será nova e vai colocá-las na posição de um novo aprendizado”, explica a psicóloga.

Uma criança com timidez exagerada é aquela que não se sente segura o suficiente para realizar algo que deseja, ainda que seja algo simples do cotidiano, como por exemplo, ver um grupo de crianças brincando, ter vontade de conversar com elas e não conseguir.

Os especialistas entendem a timidez de duas formas. A primeira é aquela que faz parte de qualquer criança, ou seja, é a timidez presente sempre que ela tem de lidar com algo novo. Nesse caso, não passa de uma timidez inicial, que será superada pela criança e vai deixá-la mais forte e confiante. Mas também existe a timidez intensa, aquela que trava a vida do baixinho, impedindo-o de conviver bem com o grupo social ao seu redor.


A timidez atrapalha, e muito!

Embora a timidez não seja uma doença, quando acentuada pode atrapalhar o convívio social do pequeno. “A timidez pode e normalmente prejudica o convívio social da criança, pois a impede de brincar, conversar e conviver espontaneamente. Diante desse dilema, ela se entristece, pois gostaria de brincar, mas não consegue se aproximar”, afirma a psicóloga.

E não é só na área social da criança que a timidez atrapalha. O rendimento escolar também pode ser prejudicado, uma vez que será muito complicado para ela se ver exposta a falar perante a turma. Além disso, a criança tímida dificilmente consegue dizer para a professora que não entendeu essa ou aquela matéria e volta para a casa cheia de dúvidas.

Outro fator que pode ser prejudicial ao rendimento escolar da criança tímida é o fato de também ter dificuldades em fazer trabalhos em grupo e, muitas vezes, isolar-se por vergonha de errar ou de não falar a coisa certa e, assim, ser ironizada no grupo.


Lidando com a timidez

Os pais de filhos tímidos precisam lidar naturalmente com essa questão. Juliana Andrade dá dicas de como fazer isso. “Em primeiro lugar, os pais devem aceitar que o filho está com limitações quando for o caso de uma timidez exagerada. Nesses casos, conversar com os responsáveis por eles na escola para tentar elaborar uma estratégia de ajuda é uma boa idéia. Além disso, sempre há a possibilidade de buscar a ajuda de um psicólogo, que auxiliará tanto o filho quanto os pais a trabalharem essa questão.”

A ajuda profissional para tratar a timidez acentuada de uma criança será necessária sempre que os pais acharem que não sabem mais como ajudar os filhos, e o limite disso caberá a cada pai e mãe saber. “Se o sofrimento está se prolongando e não se vê nenhuma melhora, mesmo com muita conversa com os filhos, é sinal de que está na hora de buscar uma ajuda profissional, pois o psicólogo é alguém preparado e poderá ajudar”, explica a psicóloga.

Não existe um tratamento específico para a timidez, por essa razão ela é tratada da mesma forma que qualquer outra dificuldade emocional. “O que se trata é a dificuldade emocional que leva à timidez, a mesma dificuldade poderia causar outros sintomas e, por esse motivo, não adianta atuar em cima do sintoma e sim de sua causa. Tratar apenas a timidez não eliminaria a dificuldade emocional incutida por trás dela e, em pouco tempo, a criança poderia apresentar algum outro sintoma”, afirma Juliana Andrade.

Na verdade, temos de tratar a timidez exagerada como um sintoma indicador de que algo não vai bem emocionalmente com ela, ou seja, é o reflexo de seu mundo interno que se encontra fragilizado.

Juliana Andrade ressalta ainda um ponto muito importante: muitos pais se envergonham ou ainda têm algum tipo de preconceito com relação à psicologia e, em função disso, adiam o tratamento.

“Adiar a ajuda ao filho costuma levar a uma grande piora e quando a criança chega ao consultório o sintoma está fortemente instalado, duplicando, assim, seu sofrimento e da família. Digo sempre aos pais para que não tenham vergonha de suas limitações, afinal, todos têm limitações. O psicólogo não vai julgá-los nem culpá-los e buscará neles uma parceria para que juntos possam cuidar do sofrimento da criança”, finaliza Juliana Andrade.


Informações do especialista:

Juliana Amaral de Andrade é formada em psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. É psicanalista, formada pela Sociedade Brasileira de Estudos e Pesquisa da Infância (SOBEPI) e psicopedagoga, formada pelo Centro de Estudos Psicopedagógicos do Estado do Rio de Janeiro (CEPERJ).


Consultório:

Av. Jurucê 789 – Moema – São Paulo – SP
Tel.: (11) 5543-0766

Um comentário:

  1. foi muito útil as informações que estão aqui, minha filha tem uma leve timidez, acho que só com uma conversa com a professora dela será o basteante para tirar a timidez dela, a senhora acha que se forçar um pouco na escola ela ir para frente e ler mais na frente de seus colegas pode dar jeito nesta pequena timidez de minha filha? se puder responder por e-mail fico grato. marcos_s_amaral@hotmail.com

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