Por: Vanessa Cicatti
Já foi o tempo em que as mulheres viviam somente em função da formação de uma família. Com a evolução dos costumes, em vez de se tornarem mães ainda jovens, as mulheres foram à luta, investiram em suas carreiras e deixaram a maternidade em segundo plano.
Até bem pouco tempo a gravidez tardia, ou seja, após os trinta anos era considerada um risco para a mãe e o bebê. Atualmente, sabemos que há muitos mitos em torno dessa questão.
Se você chegou aos trinta anos e ainda não é mãe, veja a seguir que ter um bebê nessa fase da sua vida é saudável e oferece poucos riscos!
Tem hora certa para ser mãe?
Não existe um tempo ideal para ser mãe, afinal para isso é essencial que a mulher esteja preparada. Na verdade, uma gravidez tardia eleva as chances de alguns problemas que poderiam, comumente, afetar mães mais jovens.
A obstetra Sueli Raposo explica que, “na verdade sempre se coloca o limite de 35 anos para que uma mulher tenha um bebê, porque após essa idade os riscos de algumas patologias aumentam, como hipertensão durante a gestação.
Mas a idade ideal para ter um filho seria dos 20 aos 30 anos. Tudo isso porque com o passar do tempo aumentam as chances de uma mulher adquirir uma DST (doença sexualmente transmissível), que pode prejudicar sua fertilidade, assim como há o aumento do risco de outras patologias como miomas, endometriose, que também podem prejudicar seu futuro obstétrico”.
Além disso, após os 35 anos eleva-se o risco de anomalias cromossômicas, ou seja, a incidência de bebês com Síndrome de Down e outras síndromes que vão aumentando conforme a idade.
Sueli explica: “o risco de Síndrome de Down aos 35 anos é de 0,45% e de outras anomalias o risco é de 0,75%. Aos 37 anos o risco sobe para 0,75% e aos 40 é de 1,5% para Down e 2,35% para outras anomalias. Aos 41 o risco de Down é de 2,5%, como se vê é uma progressão geométrica, os riscos vão aumentando muito com o passar da idade”.
Mas você sabe por que isso ocorre? Porque a mulher nasce com um número fixo de folículos ovarianos (óvulos) que vão crescer, amadurecer e, finalmente, ovular todo mês. Com o passar do tempo, os óvulos e os ovários envelhecem, perdendo sua “qualidade”, podendo ocorrer as alterações cromossômicas já citadas.
Sem essa de cuidados especiais
Não vá pensando que uma gestação depois dos trinta anos requer maiores cuidados. Como explica a obstetra, “toda gestação deve sempre ser bem programada e acompanhada. Após os 35 anos indica-se que a mulher realize o exame de biópsia da placenta para verificar se há alguma alteração cromossômica. Os outros exames são iguais aos de uma paciente mais jovem”.
Entretanto, ressalta que é preciso levar em conta os cuidados com o aumento de peso excessivo, o controle rigoroso da pressão e da glicemia, bem como fazer uso de ácido fólico pelo menos 2 meses antes de engravidar para proteção na formação do tubo neural (sistema nervoso) do feto, evitando doenças como a espinha bífida.
Mas para Sueli Raposo o mais importante é que “uma mulher saudável não deve desistir de ter um filho somente pelo fator idade”. Se seguir todas essas dicas, a única preocupação que terá será com os cuidados com o enxoval do bebê.
Idade dificulta a gravidez?
“Com o passar da idade realmente as chances de a mulher engravidar vão diminuindo, uma vez que ela passa a não ovular todo mês, sendo que após os 40 anos metade das mulheres são inférteis”.
Entretanto, com os avanços da medicina e da tecnologia esse pode ser um problema solucionável.
Se por acaso a mulher tiver problemas de infertilidade, pode procurar tratamentos tipo fertilização in vitro ou inseminação artificial. “Mas vale lembrar que mesmo com esses tratamentos as chances de sucesso vão diminuindo com a idade, além do fator emocional que é muito importante”, explica a especialista.
Em geral, esses tratamentos além de caros, exigem a realização de vários exames e procedimentos que podem levar a um grande desgaste emocional.
Por essa razão, Sueli Raposo recomenda: “quem pretende realmente ter filhos, é melhor programar antes, pois não deve se iludir com a idéia de que uma inseminação vai resolver tudo depois”.
Ser mãe mais tarde tem algumas vantagens
Não vá desanimando com tudo o que dissemos até agora sobre a gestação após os trinta anos.
Ser mãe nessa fase tem algumas vantagens, como comenta a obstetra. “Geralmente a mulher está profissionalmente mais estabilizada,
razão pela qual adia a maternidade, mas, talvez a maior vantagem seja o fato de ela estar mais madura, sabendo o que realmente quer e com capacidade de programar essa gravidez, diferente de uma gravidez na adolescência, que também tem seus riscos.”
Agora que você viu que ficar grávida depois dos trinta anos não é um bicho-de-sete-cabeças, que tal começar a programar seu filhote, tomando todas as precauções para se tornar a mãe mais coruja do mundo?!
Evitando problemas
Sueli Raposo afirma que alguns dos problemas comuns na gravidez tardia podem ser evitados facilmente.
“Alguns desses problemas podem ser controlados com um pré-natal bem feito. Entretanto, a Síndrome de Down não tem como prevenir, pois os especialistas só sabem da existência da mesma após a realização do exame de biópsia da placenta ou pela aminocentese (exame do líquido amniótico). Como falei anteriormente, o uso de ácido fólico é simples e muito importante e deve ser feito sempre para evitar a má formação no tubo neural.” Como em qualquer gestação, tudo depende do pré-natal!
Informações do especialista:
Sueli Raposo é formada em medicina pela Faculdade de Medicina de Itajubá. É obstetra do Lavoisier Medicina Diagnóstica/DASA.
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