segunda-feira, 30 de maio de 2011

Be a Bá em outra língua

Por: Vanessa Cicatti


Cada vez mais os pais se preocupam com a formação de seus filhos e, desde muito cedo, buscam formas de ajudar no sucesso futuro de seus pequenos.
É fato que muitas vezes há certo exagero nessa corrida rumo ao sucesso, tirando das crianças o que há de melhor na infância: tempo para brincar.
Mas você sabia que incentivar seu anjinho a aprender o bê a bá em outro idioma desde cedo pode ser uma ótima forma de facilitar esse aprendizado?

A, B, C...
Para ficar por dentro desse assunto, conversamos com Larissa Fonseca, pedagoga da Escola bilíngüe Tiny People, que logo de início nos falou sobre a importância do ensino de outros idiomas para crianças.
“Sem dúvida alguma, hoje em dia é mais do que necessário falar mais de um idioma. O mundo evoluiu, ampliaram-se os contatos internacionais a partir da TV, da internet, das facilidades em viajar, conhecer novos lugares e culturas, enfim, o mundo se globalizou, e com essa globalização houve a necessidade de se estabelecer uma linguagem comum de comunicação. Dessa forma, ser bilíngüe passou a ser uma ferramenta acadêmica e profissional fundamental.”
Se você está se perguntando a partir de que idade seu filho pode iniciar o aprendizado de língua estrangeira, saiba que a criança pode ser inserida em um ambiente bilíngüe desde o seu nascimento.
“Não há contra-indicações quanto ao início precoce do aprendizado de uma nova língua. Inclusive, a exposição simultânea da criança a mais de um idioma aumenta o número de conexões cerebrais, o que afeta positivamente o desenvolvimento não só da sua capacidade lingüística como também das suas capacidades cognitivas, criativas, intelectuais e sociais”, explica Larissa Fonseca.
Um bom exemplo disso ocorre na escola Tiny People Bilingual School, onde, desde o ingresso, o aluno inicia o programa de imersão na língua inglesa com o objetivo da compreensão, aquisição e vivência nessa língua. Dessa forma, as crianças aprendem o idioma naturalmente, desenvolvendo a habilidade de pensar nos dois idiomas, e tornam-se aptas a utilizá-los de acordo com as diferentes situações.

Mergulhando em outra língua
Para que a criança seja introduzida no novo idioma, obviamente utilizam-se métodos específicos. De acordo com Larissa Fonseca, o primeiro passo é despertar no aprendiz o interesse pela língua. É preciso que a criança veja sentido em falar aquele idioma.
“Essa introdução ao novo idioma deve ser feita sem cobranças, de modo natural e prazeroso, a partir de atividades lúdicas e diversificadas”, afirma a pedagoga.
Escolas como a Tiny People proporcionam um ambiente rico de situações lúdicas, que auxiliam a criança na aquisição do novo idioma. A partir de experiências culinárias, atividades artísticas e de movimento, cultivo de horta, contato com músicas, filmes, livros e histórias, entre outros projetos, que aproximam a criança naturalmente do segundo idioma, de forma que ela adquira fluência.
Durante o ensino desse novo idioma, a escola geralmente utiliza algumas estratégias específicas para que o mesmo seja absorvido com naturalidade e facilidade pela criança.
“Na escola bilíngüe, o segundo idioma se constitui não em objeto de estudo, mas sim em instrumento de estudo. As crianças aprendem o novo idioma vivenciando as situações do dia-a-dia escolar nessa língua. Assim elas aprendem mais do que somente se comunicar em outra língua, elas adquirem a capacidade de pensar sobre conhecimentos gerais nos dois idiomas. É o que chamamos de imersão”, explica Larissa Fonseca.
Assim, tudo o que faz parte desse contexto bilíngüe, desde os ambientes aos quais a criança está exposta, as metodologias de ensino, os materiais e recursos utilizados até os profissionais que estão envolvidos, são estruturados para que seja garantida a fluência no novo idioma juntamente com a qualidade no ensino, sem limitar as possibilidades nem causar prejuízos para a criança.

Mais fácil de aprender
Poucas pessoas sabem que o aprendizado de outro idioma é absorvido com mais facilidade quando isso ocorre na infância. Mas há uma razão para isso, como explica a pedagoga: “Isso acontece porque é durante os seis primeiros anos de vida que ocorrem as sinapses no cérebro (conexões neurais) e são elas as responsáveis pela formação da base do conhecimento. Até os seis anos, o cérebro da criança está ‘a todo vapor’, assimilando, processando e estruturando as informações. Quando o aprendizado de dois idiomas ocorre simultaneamente na infância, os códigos lingüísticos de ambas as línguas são armazenados no mesmo local do cérebro, fazendo com que a criança desenvolva habilidades fonológicas e de uso em ambas as línguas mais rapidamente e com maior facilidade”.
Entretanto, alguns pais temem que o aprendizado de um segundo idioma possa prejudicar de alguma forma o aprendizado da língua pátria. Fiquem despreocupados, papais e mamães, isso não acontece!
Segundo Larissa Fonseca, crianças pequenas aprendem quantas línguas o ambiente lhes proporcionar, desde que esse aprendizado seja contextualizado e tenha uma função comunicativa. “O cérebro da criança possui uma enorme capacidade de adaptação. Por essa razão, a criança inserida em um contexto bilíngüe difere naturalmente as situações de fala.”
Para enfatizar este dado, a pedagoga cita Noam Chomsky, um dos mais importantes lingüistas, que diz o seguinte: “A aquisição da linguagem é simplesmente um processo de desenvolvimento de capacidades inatas, de modo que os meninos e as meninas aprendem a falar da mesma forma que os pássaros aprendem a voar”. (COLL et al. 1995:70). Assim, fica claro que de forma alguma o contato com outro idioma pode prejudicar o aprendizado da língua pátria.
Apesar disso, Larissa Fonseca ressalta que “é necessário ficar atento para que a criança tenha sua identidade cultural respeitada e preservada”. O ensino de outro idioma não deve ter prioridade nem ganhar mais destaque do que o da língua materna. Até porque a criança que conhece bem sua língua materna aprende com mais facilidade um segundo idioma”.
É importante que os pais saibam distinguir a diferença entre o aprendizado de um idioma como segunda língua ou como língua estrangeira. Afinal, as escolas de idioma têm como objetivo exclusivamente o ensino de uma outra língua.

Inglês, espanhol ou francês?
Agora que você já sabe que seu anjinho pode aprender outra língua desde pequenininho, com certeza ficou com dúvidas sobre qual idioma ele assimilaria com mais facilidade, não é?
É comum achar que a criança aprende com mais facilidade um idioma pertencente à mesma “família” de sua língua materna. No entanto, durante os primeiros anos da infância, a criança aprende com facilidade qualquer idioma com o qual tenha contato em seu dia-a-dia.
“Sem dúvida alguma, ter contato com um novo idioma logo na infância é algo positivo. O aprendizado bilíngüe proporciona, além da ampliação das capacidades do indivíduo, o acesso a uma educação multicultural”, ressalta a pedagoga.
Dessa forma, o pequeno aprende o novo idioma como língua estrangeira, não tendo necessidade do uso desse idioma nas situações e comunicação do seu dia-a-dia.
As escolas bilíngües proporcionam o aprendizado do novo idioma como uma segunda língua. Assim, a criançada desenvolve seus saberes no novo idioma, sendo esse uma ferramenta necessária nas situações de comunicação do seu dia-a-dia.
Agora que você sabe a diferença, basta identificar seu interesse e matricular seu filho na escola que ofereça o ensino que julgar mais adequado.

Informações do especialista:
Larissa Fonseca é pedagoga formada pela Universidade de São Paulo. É especialista em Educação Infantil e Psicopedagogia.
Contato:
Tel.: 11 9766-3996 e 11 3453-4042

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